Ensino Colaborativo

            Coordenador Pedagógico: o (co)­organizador do ensino

     “A gente dorme professor e acorda coordenador”. Essa frase foi lembrada num encontro que tive, há pouco tempo, com equipes gestoras de algumas escolas paulistanas. Nela está entendida a ideia de que não há o preparo necessário para que o coordenador pedagógico exerça de modo competente 
sua função. E de que um bom professor não se transforma imediatamente num bom coordenador, uma vez que as exigências são diferentes para cada papel.
     A questão que se coloca imediatamente é: o que caracteriza a função de coordenador? Do ponto de vista ético, espera­sse o envolvimento com a construção coletiva do projeto político ­pedagógico da escola e o compromisso com a formação continuada dos professores – elemento importante para atingir o objetivo de socializar a cultura e, nos processos de ensino e aprendizagem, promover a convivência solidária na instituição e intervir na construção da humanidade e da sociedade que queremos.
     Na denominação do cargo, já se aponta a tarefa básica: coordenar. Muitas vezes, já se falou do sentido de ordenar. E comandar é um dos primeiros que surgem. Quem coordena comanda. Embora essa ideia tenda a ser rejeitada quando se trata de Educação, vale fazer uma analogia com o trabalho de um regente de orquestra, de um técnico de futebol ou de alguém que é responsável por produzir, com as respectivas equipes, um resultado favorável não só para o grupo, mas principalmente para aqueles a quem se destina o trabalho: os espectadores, no caso dos jogadores (obviamente, os alunos, 
quando se pensa na escola).
     Ressaltando, no entanto, que o maestro não precisa saber tocar todos os instrumentos nem o técnico jogar em todas as posições. Assim, não é obrigação do coordenador ter conhecimento profundo sobre todas as áreas nas quais se desenvolve o trabalho de cada professor.
     Por isso, chamo a atenção para a dimensão ética do trabalho do coordenador. O pedagógico, que adjetiva a função, exige uma consciência do sentido do fazer coletivo e da estruturação de uma proposta que estimule a reflexão e a cooperação. O termo remete, ainda, à criação de um espaço para o diálogo e o aperfeiçoamento da prática educacional.
     Ordenar não é só mandar. É também comandar. Coordenar é por ordem em algo juntamente com alguém. Tal constatação implica um desafio: definir que ordem se deseja no trabalho, pois ela pode ser relacionada ao que é costumeiro – e esse ás vezes está desgastado e precisa ser revisto. É interessante, nesses casos, perguntar como faz o escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade em seu poema A Luis Maurício, Infante: “Uma nova desordem, não será bela?”.
     Para enfrentar humilde e corajosamente esse desafio, como convém a quem assume uma atitude crítica, os coordenadores não podem deixar de considerar – e estimular as experiências pelos professores, na pluralidade e na diversidade de suas práticas.
     No processo de formação docente, na partilha e na ampliação dos saberes, conformam-­se também os coordenadores, continuamente. Conformam­-se não no sentido de se resignar, mas no de configurar juntos, do jeito que se deseja o trabalho da instituição escolar (Terezinha Azerêdo Rios)

Nenhum comentário:

Postar um comentário